Damien, o filósofo



Fui ao show do Damien Rice no dia 25 de outubro. Me tornei ainda mais fã desse irlandês por quem tenho tanta admiração. Fiz uma resenha sobre o show no Blah Cultural, se tiverem curiosidade para saber como foi o concerto ou o aftershow (sim, ele tocou para uma pequena aglomeração de fãs alucinados fora do palco).

Gosto muito de filosofar sobre a vida, me preenche, tira um pouco da minha angústia pensar o porquê das coisas... ou não... ou sim... A louca mesmo! Damien também.

Abaixo, algumas das quotes com as quais eu mais me identifico que ele deixou pro mundo:

Sobre mudanças

“I really enjoy changes in life. Your life changes every day, no matter what. There are some people who think that nothing changes for them [but] things change, it’s just depends on how open your eyes are to see those changes. Sometimes you can spend too much time with the same thing. With a bit of objectivity you can experience and see changes in things.”

"Eu realmente curto mudanças na vida. Sua vida muda todos os dias, não importa o que for. Algumas pessoas pensam que nada muda para elas (mas) as coisas mudam. Isso depende no quanto seus olhos estão abertos para ver essas mudanças. As vezes você pode passar tempo demais com a mesma coisa. Com um pouco de objetividade você pode experimentar e ver mudanças nas coisas."

Sobre beleza

"You look at all these new buildings and new cars, and they’re not as beautiful as they were before. Nowadays we make all these things that are very plastic and cheap. You see it in Rome. The old things are incredible. The new things are just square. And we have all this money.”

"Você para todas esses novos edifícios e novos carros, e eles não são tão bonitos quanto eram antes. Hoje em dia nós fazemos todas essas coisas que são de plástico e baratas. Veja Roma, As coisas antigas são incríveis. As coisas novas são apenas quadradas. E nós temos todo esse dinheiro."

Sobre medo

“People have a lot of fear, and it’s such a pity. When I was in the band before, I was the same. I was this person who had grown up in society. And you’re told by society that you go to school, go to college, get a degree. After you get a degree, get yourself a job, have a career. Get yourself a house, get yourself a car, get married, have children, have security, have all these things that are important to life. And for me all of those things destroy life. As in what I feel is real life ... I just trust in life. I’ve been really poor sometimes and I’ve been wealthy sometimes. And I’m not happier when I’m wealthy. My happiness isn’t determined by the number of records I sell, or by whether I have a car, whether I have a house, or how much money I have.”

"As pessoas tem muito medo, e é uma pena. Quando estava na banda antes, eu era assim. Eu era essa pessoa que tinha crescido na sociedade. E a sociedade te diz quer você tem que ir para a escola, ir para a faculdade, ter um diploma. Depois do diploma, arranjar um emprego, ter uma carreira. Ter uma casa, ter um carro, casar, ter filhos, ter segurança, todas essas coisas que são importantes para a vida. Eu fui muito pobre algumas vezes, e muito rico outras. E eu não sou mais feliz quando sou abastado. Minha felicidade não é determinada pelo número de discos que eu vendo, ou se eu tenho um carro, ou se eu tenho uma casa, ou em quanto dinheiro eu tenho."


Eis o tipo de pessoa que eu chamo de artista. o cara que só precisa de uns instrumentos, sua voz, seu corpo. Se você não conhece o Damien Rice como a maior parte dos meus amigos, faça um favor a si mesmo e se apaixone por uma pessoa que não vai partir seu cœur <3


Por favor, estreia logo: filmes que estou ansiosa para assistir


Criei essa tag para falar dos filmes que torço para chegarem logo ao cinema. Farei essa tag uma vez por mês. Reparem a cara de angustiada da Mia Farrow em A Rosa Purpura do Cairo, é assim que eu me sinto esperando esses filmes :/ Ei-los:


Brooklyn  (Brooklyn, dir. John Crowley, em breve no Brasil)

Sinopse:O filme conta a história de Ellis Lacey, interpretada por Saoirse Ronan, uma jovem irlandesa que vai para Nova York tentar a vida. Todo começo é difícil, mas aos poucos ela se adapta ao lugar e se apaixona por um jovem de origem italiana. Até que recebe a notícia da morte de um parente próximo e tem que voltar para Irlanda. Ellis deve escolher entre ficar em sua terra natal de uma vez por todas ou voltar para a capital do mundo. 
Por favor, estreia logo: Adaptado de um livro - que eu pretendo ler em breve - , toda a reprodução dos anos 50 parece maravilhosa no trailer, o tema da imigração de todos os lugares do mundo para NY depois da Segunda Guerra Mundial, o fato de o cerne do filme ser uma escolha que vai mudar a sua vida pra sempre... Não sei quando estreia aqui, mas vou ficar mais que atenta. Trailer

A garota dinamarquesa  (The Danish Girl, dir. Tom Hoper, estreia no Brasil em fev. de 2016)

Sinopse: A história verídica de Lili Elber, pintora  que nasceu Einar Mogens Wegener, e foi a primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de troca de gênero. O filme foca na sua relação com Gerda, sua esposa, e sua descoberta como mulher. Eddie Redmayne e Alicia Vinkander no elenco. 
Por favor, estreia logo: Gosto de histórias verídicas, apesar de não me prender a convicção de que são retratadas com fidelidade para o cinema. A vida e a arte cinematográfica, tal qual o livro e a música, são obras diferentes, com linguagens diferentes. Mas o trailer parece muito instigador. A questão da transsexualidade está muito em voga hoje em dia, será bom ver um filme que trate com delicadeza e dê um espaço para essa discussão. Trailer



Dope  (Dope, dir. Rick Famuyiwa, em breve no Brasil)

Sinopse: Malcolm (Shameik Moore) é um nerd que leva a vida em um bairro violento em Los Angeles enquanto se desdobra nas admissões das faculdades, entrevistas acadêmicas e provas de conhecimento. Malcom recebe um convite para ir em uma festa underground que o leva em uma aventura, permitindo que ele se transforme de nerd à narcótico, para, finalmente, ser ele mesmo. 
Por favor, estreia logo: Está sendo muito comentado nos EUA, gosto de descobrir a linguagem fresca do cinema independente norte-americano, sempre surgem novidades boas! Trailer

Sicário:Terra de ninguém  (Sicário, dir. Denis Villeneuve, 22 de out de 2015 aqui no Brasil)

Sinopse:A CIA está preparando uma audaciosa operação para deter o grande líder de um cartel de drogas mexicano. Kate Macy (Emily Blunt), policial do FBI, decide participar da ação, mas logo descobre que terá de testar todos os seus limites morais e éticos nesta missão.
Por favor, estreia logo: Originalmente, o papel da protagonista interpretado por Emily Blunt foi escrito para um homem. O fato de uma mulher assumir essa posição gerou certa polêmica. Tenho certeza que ela dá mais do que conta do papel e cala a boca de muita gente. Também me agrada o fato da personagem ser apaixonada pela profissão e começar a descobrir o lado obscuro da mesma me identifico . Trailer



Charles Faudree


Meu estilo de design varia muito. Sou a contradição personificada ate nesse quesito. As vezes tendo a estilos mais modernos, outras mais clássicos. Charles Faudree é um design de interiores que tem esse estilo acima, definido como French Countryside. 
Gosto da maneira como parece ser informação demais, mas sem pesar, na medida certa. Vivemos em tempos de minimalismo. Minimalismo nas roupas, no design, na alimentação, nas logos e slogans... Mas esse estilo aconchegante é super convidativo, não acham? 

Por falar em aconchegante, ta chovendo aqui no rio *.* Um filminho vai cair como agora ?!!

Compartilhar tristeza, vale?




Essa semana fiz minha segunda visita ao médico-tabu - o psiquiatra. Isso porque ainda escuto comentários ácidos e desconfiados sobre a procedência e importância desse profissional. 

Faço terapia há 4 anos. Sou o tipo de pessoa que mais escuta que fala, que mais observa do que sei deixar observar, que mais dá conselhos que recebe, mais fechada que aberta, mais tímida que impulsiva e por aí vão os adjetivos de alguém que se guarda pra si. Na terapia, encontrei um espacinho de uma hora dentro das 167 horas semanais onde posso falar sobre minha vida, sem censuras.

Infelizmente, a fala não está funcionando por si só. O tanto que guardei e resguardei em mim, acabou tomando proporções maiores. A ignorância alheia é interessante: se acha sábia, apta para julgar e dar um veredicto. O pior é acreditar nele. No modelo da sociedade atual, dos compartilhamentos de fotos de momentos de descontração em redes sociais, as pessoas parecem ter perdido o bom senso e a delicadeza no olhar de ver o outro e saber que por trás de um rosto existe uma história.

Depressão é tabu: tá na moda (vide a pop art na capa do remédio, a figura que ilustra esse post); é só tristeza; é capricho; todo mundo tem; é direito de quem foi ao inferno e voltou. Eu achava exatamente isso, e me castigava ainda mais.

Vou falar meu lado. Da tímida com poucos mas bons amigos, passei àquela que desmarca os encontros em cima da hora, não pode ir à balada, à praia ou qualquer lugar público lotado de gente, consequentemente, percebi meus poucos amigos se afastarem de mim, algo natural, não os culpo.

Nunca fui boa com small talk, puxar assunto, fazer sala e afins, mas me esforço sempre que tem alguma festa de família, reunião de amigos dos meus pais... Mas, ultimamente, me retiro e não falo com ninguém, a ideia de ter conversas paralelas me cria uma angústia sem fim.

De pessoa que prefere "ficar em casa e ver netflix", passei a pessoa que se aterroriza com a ideia de ir a algum lugar lotado de pessoas, especialmente da minha faixa etária. Na pior hipótese nem filme, nem música preenchem meu vazio. Sou eu e o teto do meu quarto.

Não era o estágio da minha vida, mas era em um lugar incrível, com uma filosofia rara em uma empresa que eu admiro até hoje, com pessoas generosas, na medida do possível, com um salário invejável por uma carga horária mega flexível. Eu me demiti porque não aguentava dar "boa tarde".

Sentada no computador, como agora, escrevendo esse post ou comendo ou ouvindo música ou vendo um filme, um soco interno pode me acertar,assim, sem avisar o danado, de tal maneira que me desnorteia. Perco a perspectiva da vida. Nada parece bom, ruim ou mais ou menos. A vida nem preto e branco é. Desbotada ao ponto de desaparecer. Um vazio que me faz preferir estar sentido ódio do mundo, até mesmo arranjar um jeito de auto-punição, do que sentir aquele grande e avassalador nada. Um nada que faz a moldura da janela do meu quarto se torne atraente...

Essa é a depressão como eu conheço.Aliás, bom frisar que depressão tem vários níveis, grey areas como tudo na vida. Conheço casos de pessoas que, com depressão severa, não conseguem sair da cama, não conseguem tomar banho, comer, falar... Agradeço a Deus ou deuses ou a alguma energia cósmica ou ao que for que exista aí fora no universo, por ter grande apoio dos meus pais e uma forcinha dentro de mim que me arrancou a insatisfação de ficar acomodada. Isso me moveu e fez com que procurasse ajuda.

Não vou dar o nome do remédio que me foi indicado, ao menos por hora, não quero fazer a mínima apologia ao consumo de antidepressivos. Como o filme 'Geração Prozac' constata, o antidepressivo é aquela brecha, aquele espaço para você respirar e colocar a cabeça no lugar. Ganhar de volta a percepção que a depressão tirou.

Quis compartilhar essa experiência porque pode ser que chegue aos olhos de quem se identifique e precise tomar uma atitude antes que o caso se agrave. E também como forma de expor um pouco mais de mim, o que é tão difícil, ainda que virtualmente.

Espero conseguir compartilhar aqui minha experiência com o remédio. De maneira despretensiosa e franca porque abro meu instagram, facebook, e vejo a Era do minha-felicidade-vai-ser-completa-quando-apertar-o-botão-compartilhar-e-os-meus-mil-e-um-amiguinhos-virtuais-perceberem-o-quanto-sou-cool-e-aproveito-a-vida-ao-maximo.

Depressão dói, mas pelo menos é de verdade e tem tratamento.