NY 2012

Monday, September 28, 2015


Novo blog, novo layout, primeiro post sobre saudade. Acho deprimente quando as pessoas repostam em redes sociais mais massivas como facebook e afins, fotos de viagens para o exterior de 3, 4 , 5 anos atrás acompanhadas da hashtag #tbt. Porém, estou eu aqui fazendo a mesma coisa, com um adendo. Creio que uma página pessoal é diferente de uma rede social onde você esfrega na cara de mil e um "amigos"que já teve uma experiência internacional, muitas vezes, sem ao menos fazer uma compilação sobre o que aprendeu com essa oportunidade.

Quando fui para Nova York em 2012, foi com o objetivo de encontrar alguma resposta sobre o que eu, realmente, gostaria de fazer da vida. Tinha deixado para trás a dublagem e o teatro, entrado para a faculdade de publicidade, mas continuava no escuro. Fazer um curso na New York Film Academy uniu a oportunidade de praticar meu inglês e estudar cinema. Eu imagino que por ser filha única, meus pais tenham se esforçado e conseguido me proporcionar aquilo que eles não tiveram.

Em NY, constatei que não existe cidade perfeita. A maior parte das pessoas que estavam em uma posição de prestadores de serviço eram estrangeiros: os taxistas árabes, os atendentes indianos... e não pareciam felizes. Carregavam o mesmo peso. O de quem abriu mão da cultura e da convivência familiar para se arriscar em território desconhecido pela oportunidade de ganhar em dollar. O peso da amargura. 
Nunca vi um lugar com tantas pessoas aparentando ter algum tipo de distúrbio mental. Não teve um dia em que não vi, pelo menos, uma pessoa na rua que não estivesse falando sozinha ou com uma árvore ou berrando coisas desconexas. Uma cidade não se transforma na capital do mundo sem pagar um preço por isso. 
Aliás, a cidade do tudo-é-extra-grande. Me sentia pequena dentro dos supermercados, as embalagens engrandecidas, as opções eram muito, bastante ou em excesso. A cidade do desperdício.

Obviamente, NY não tem fama a toa. Os apartamentos da era vitoriana, os cafés inspirados nos coffee shops londrinos, o acesso aos melhores museus do mundo, central park, broadway (pra quem tem dinheiro sobrando), o frio autentico do inverno, a eficiência do transporte publico, conhecer o Woody Allen (e desejar não ter conhecido porque ele parece ser a pessoa mais infeliz do mundo) a convivência pacífica de todos os tipos de cultural e etnias em um mesmo espaço, tudo faz jus a NY que mora no imaginário das pessoas.

Ficar por um mês, aos 18 anos, em um país desconhecido foi uma experiência edificante. Nunca as dificuldades foram tão prazerosas e a solidão tão confortável. Em NY, estava abandonada a minha própria sorte, sem a acolhedora presença física dos meus pais ou de qualquer conhecido. Desvendei de maneira, quase transcendental, uma auto confiança e auto estima que não sabia que existiam. Descobri, especialmente, meu olhar, um olhar que fica apurado em face das adversidades. Sinto falta da companhia daquela Malu que achei dentro de mim e que perdi no decorrer desses últimos três anos. Atualização sobre minha vida: continuo perdida. Mas continuo almejando ter outra experiência como essa. Ter outra oportunidade de, em terra estrangeira, me redescobrir.

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