Perseverança e o medo de ser feliz ( Não. Não é mais um sermão babaca do quanto a vida é bela) - Parte 1
Friday, January 09, 2015
Caso vocês tenham tido curiosidade e lido um pouco sobre a minha vida nessa página, descobriram que faço faculdade de publicidade, mas sou muito mais envolvida com cinema. Estudei um mês na New York Film Academy, na sede de Nova York e , quando voltei para o Brasil, fiz a Escola de Cinema Darcy Ribeiro por um ano e meio. Tudo isso conciliando com a faculdade e estágio. Bom, fato é que a Darcy é um curso regular e, uma das condições para se formar e ter o diploma, para quem faz direção cinematográfica é produzir um curta-metragem. Teoricamente, eu deveria ter entregue no segundo semestre de 2014, mas, adivinhem o que aconteceu? Eu travei.
Fiz, pelo menos, cinco roteiros diferentes, dos quais dois com a ajuda de uma amiga que é roteirista. Não fiquei satisfeita com nenhum. Um professor super querido, amigo e muito paciente, ajudou a mim e a duas amigas minhas com nossos roteiros. Está prontinho, aprovado pelo professor, acompanhado de ficha de projeto, arquivo com referências, parte da decoupagem ( escolher a escala de planos, movimento de câmera e etc),enfim, tudo o que um filme tem direito para sair do papel. Ah, claro, o dinheiro, trabalhei alguns meses no Canal Futura e juntei uma quantia razoável para fazer o curta, caso a equipe trabalhasse de graça. Pois bem, o que aconteceu???
Exatamente o título desse post, provavelmente, o medo de ser feliz. Fato é que agora não volto atrás. Eu sou, definitivamente, uma metamorfose ambulante, então, o roteiro que eu amei agora detesto e não tenho forças para continuar com ele. Pensei comigo "bom, vou dar um tempo e, assim que as férias começarem, eu recomeço meu processo criativo, vou fazer outro roteiro e vai ficar tudo lindo". As férias começaram, eu amaldiçoei o ano novo, não pulei uma ondinha, comi uva e não fiz pedido, passei com roupa de bolinha preta e mandei as esperanças pra p***q**p****. Estava cansada de me esforçar, melhor dizendo, me forçar. Sentia que não era o momento para fazer meu primeiro filme, não estva preparada, afinal, quantos livros não li, quantos filmes não vi, quem sou eu ?!!
Simplesmente não sei o que me deu. Não foram frases de motivação do facebook, livros de auto-ajuda, a amiga da mãe dizendo que tem gente passando fome na África e eu deveria ficar mais feliz com a vida, por incrível que pareça, não foi a força dos meus amigos que também têm que dirigir um filme, não foi o fato de eu acreditar em mim mesma, nem o fato de eu ter batido a cabeça no criado-mudo. Aconteceu. Aconteceu de um dia eu acordar e cair a ficha de que eu tenho 21 anos e a hora é essa. Isso poderia ser ainda mais aterrorizante, mas foi catártico. Estarei terminando a faculdade de publicidade ano que vem e preciso pensar hoje qual será a próxima etapa depois disso. Não quero terminar por fazer concurso público ou me conforma com efetivação em uma agência publicitária. Quero contar histórias. Quero contar histórias através de imagens.
E tudo começa em algum lugar. No cinema, tudo começa pelo roteiro. Meu maior bloqueio criativo, emocional, psicológico recai sobre eu ter certeza se essa ficção que eu tirei da minha cabeça é boa o suficiente para vir ao mundo. Lembrei que, quando eu era pequena, já manifestava um amor muito grande pelo cinema e um dos meus maiores medos era que os filmes acabassem. Sempre tive um relação muito filosófica com meu pai e perguntei a ele algo como "Pai, e se o cinema acabar ? E se as pessoas não conseguirem fazer mais filmes?"e ele respondeu, "Minha filha, se tem uma coisa que é infinita, é a criatividade humana". Aquilo me deu um alívio instantâneo, acreditei nas palavras dele e segui minha vida, Hoje, esse bloqueio de "Por que diabos alguém vai querer assistir o que eu tenho a dizer?" Porque o ser humano é universal. Não importa seu local de origem, todos temos temas em comum anseios e sentimentos, uma memória coletiva, e quando eu falar de mim, estarei falando de você. Se apenas uma pessoa ver o meu curta e se sentir tocada por ele, já vou me sentir feliz e satisfeita, porque muitos filmes mudaram a minha vida.
Decidi ler esse livro do Robert Mackee, Story, e depois (re)começar a escrever meu roteiro. O. Definitivo. Já tinha lido metade do livro entre pausas e suspiros. A outra metade decidi ler em sete dias. Dividi o número de páginas que faltam e deram 22 páginas por dia para eu terminar no prazo estipulado. Estou até dormindo mais cedo e acordando mais cedo. Assim que termino meu café da manhã, já estou na minha escrivaninha lendo, rasurando, pesquisando trechos de filmes e tentando ganhar mais força.
Sei que nos superar é o que há de mais difícil. Aqui no blog vou criar um espaço para falar de temas e exemplos de perseverança. Se você tiver uma história parecida, achar que se encaixa nesse rótulo de "medo de ser feliz" que tenta dar conta de um assunto muito mais complexo, comente, desabafe, e farei o próximo post pensando em você, nem que seja na tentativa de criar uma fagulha de motivação. E vamos partir para a ação, porque ficar parado não leva a nada, mas agir leva a algum lugar, pode ser longe, pode ser perto, ninguém sabe. Quem não gosta de uma surpresa ?
4 comments
Malu, tomara que agora você consiga as forças que é preciso para acabar o seu roteiro.
ReplyDeleteEu com certeza assistiria a um filme seu !
Brigada, Lih !! Espero q sim! Tentando eu estou!
DeleteNão deixe de postar não:)
ReplyDeleteMesmo que seu roteiro não ganhe o Oscar (rsrs),pelo menos uma pessoa irá gostar
http://reflexoesdaminhamentedoida.blogspot.com.br/?m=1
Haha, Bruna! Obrigada pela visita e pelo comentário! Pode deixar, não vou desistir não, não devemos, nunca!
ReplyDelete